Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta casa

A casa do meu avô

Imagem
"Caminhamos na Luz eterna que nos aconchega Sempre! Não tenham ilusões porque será sempre assim! E, atravessando as memórias escondidas atrás de uma figueira indomável e perpetuada pela alegria dos que a viram medrar, a casa do meu avô vislumbra-se mais leve e sublime, ainda que menos apetecível ao comum dos mortais. Nela, há cheiro a madeira bolorenta, carcomida pela traça do tempo, enquanto sarças ardentes e espinhosas corrompem a parede revestida de cal e saudade. São como demónios em epifania, numa dança fúnebre, a exortarem a falência das memórias que nunca se extinguirão. Sempre que me sento no seu regaço, ainda se ouve o tilintar das porcelanas e dos copos que transpiram a vida e enfunam a minha alma de consolo. Arrefeceram os dias, há erva fresca pelo chão…          - É hora de partir! Viro as costas para dizer Adeus, enquanto caem dos meus olhos poemas urgentes sibilando a solidão. E há silêncios demorados a gritarem, por entre as coisas mortas ali deixadas à sua sorte,

Improviso-te, todos os dias...

Imagem
Nunca dormia sem espreitar a lua através da janela do quarto. Um vidro fosco e frio separava o rosto macerado pelo tempo e a respiração entrecortada do odor matinal das urzes que se apoderavam da parede da casa. Baixou a cabeça, como quem pede perdão, e ficou a pensar no que queria ter dito e não foi capaz: “Das folhas em branco que busco no teu desejo, apenas preencho as que ficaram nos silêncios que nos aguardam até à eternidade. São elas que me lembram os riscos que corro quando te afasto para nunca mais te improvisar.  E sim, improviso-te todos os dias porque sei que não podes ficar.” @SChainho In Pensamentos [Devaneios nocturnos...] [Foto retirada de:  http://fotos.sapo.pt/divine ]

Poros da lua...

Imagem
“às portas da morte deixaste a seiva da loucura permanecer no espaço aberto da estrada que eras tu e ainda assim continuámos silenciosamente a percorrer a verdade através dos troncos agrestes da nossa memória dessa casa que nunca habitaste mas que era nossa restou a beleza do retrato dos filhos que nunca chegaram hoje tenho a certeza que nada do que me deste era puro pura sim era a forma como te ressuscitava em cada noite em que vinhas sem medo por entre os poros da lua para me fazeres acreditar que eras meu quando eu era tua (…)” @SChainho In Pensamentos [Retirado de minilua.com]

Escada em espiral

Imagem
"Não raras as vezes, acordo a meio da noite e, no meio de um sonambulismo entorpecido, desço as escadas em espiral até ao rés-do-chão da casa que vi nascer para me encontrar com as palavras. Uma intimidade profunda, como quem beija em segredo e ama com todas as veias de um corpo sedento de desejo. Essa casa dos meus pais, feita de carne e de sangue, de onde emana sempre um forte odor de aconchego e calor humano que me envolve a alma. Aquela que, tal como afirmara David Mourão-Ferreira, parece sempre “aquecida por um lareira que nunca precisou de lá existir”. @SChainho,  In Pensamentos