No colo

“Chegado o momento, beijaste-me prolongadamente e com firmeza. Disseste, sem pejo e demagogia: ‘Não podemos ficar aqui, está frio, muito frio! Anda, vamos, quero fazer amor contigo’. Pegaste em mim, como se nunca o tivesses feito, como se aquela fosse a nossa última vez. Carregaste-me no colo, como um pai que embala um filho em tempo bélico, e atravessaste uma escadaria corroída pelo tempo até ao primeiro andar. Enquanto isso, o soalho antigo rangia, num compasso lento e soletrado, como uma espécie de impedimento da felicidade. Eras sempre assim, dizias e fazias as coisas como se não houvesse amanhã. 
E, naquele momento, não deixámos que houvesse amanhã.”

A incluir no "Próximo devaneio literário" de SChainho

[Foto retirada do Blogoom do xdoom]

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