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O futuro cresce dentro de mim

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"Cresce dentro de mim um futuro  cheio de pressa. Inesperadamente,  uma janela  abre-se no meio da neblina  e as labaredas  misturam-se com as águas do mar numa tormenta inexpugnável e solitária.  Uma eternidade é uma eternidade.  Há nas entranhas um cheiro a Terra  e a Luz. Replicam-se as dores, a paz tem rosto. Mergulho sem lágrimas no sentido frio  das coisas que não se explicam. Hei-de levar o meu sonho através da carne que palpita a cada passagem do tempo. Dentro de mim, seguram-se as horas de um mundo por descobrir. Uma  nova  riqueza sobeja-me no sangue  e há uma viagem  em segredo por fazer. Entreguei a alma.  Que será do Amor, quando o futuro continuar a crescer fora de mim?" @SChainho, 15 de Janeiro, 2019 [Nebulosa de Órion, retirado de: https://www.apolo11.com]

O Espelho

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“Não era a vaidade que a atraia para o espelho,   mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera) E naquele dia, descobriu-se como nunca antes se descobrira Levantou-se, sem vaidades, Manhã submersa, clara, cinzenta e fria   e não fez perguntas,   nem ensaios, nem rodeios ou escolhas... não podia! A mesma rotina, as mesmas horas, a mesma certeza E, assim, de braços dados com o azulejo frio da parede e o olhar constante de quem nada tinha para dizer, defrontou-se apenas com aquele gigante,   dividido em fragmentos eternos e penetráveis   invadindo a alma em golfadas de silêncio, a que chamamos vida e que pesa, pesa muito... Um peso em forma de fronteira a marcar os limites   da possibilidade humana entre países desconhecidos   E, logo ali, a estação intermédia do tempo em que mergulhava Afigurou-se-lhe como se fosse uma pluma   a cair numa serenidade cruel e inverosímil sem chão   certo para a acolher. Agora, de cada vez que olhar para o espelho, descobre o amor

Escada em espiral

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"Não raras as vezes, acordo a meio da noite e, no meio de um sonambulismo entorpecido, desço as escadas em espiral até ao rés-do-chão da casa que vi nascer para me encontrar com as palavras. Uma intimidade profunda, como quem beija em segredo e ama com todas as veias de um corpo sedento de desejo. Essa casa dos meus pais, feita de carne e de sangue, de onde emana sempre um forte odor de aconchego e calor humano que me envolve a alma. Aquela que, tal como afirmara David Mourão-Ferreira, parece sempre “aquecida por um lareira que nunca precisou de lá existir”. @SChainho,  In Pensamentos