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Bagagem

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"há na bagagem um cheiro a terra que surge do nada, sempre que piso as madrugadas cada um tem a sua e estão sempre cheias. as bagagens, claro! porque as madrugadas não podem estar cheias se pensarmos que é na noite que nos entregamos cegamente às ilusões e ao abandono ao qual nos afeiçoámos. depois de um passeio enviesado pelas nesgas das ruas vazias de amor, surgem-me na memória os rostos nunca esquecidos dos que imploraram pela vida com os olhos fartos de tanta angústia. Sombras de um calendário que se entranha de forma abrupta na carne aquecida pelo sol. como não sei bem o que ando por ali a fazer e as pernas devolvem-me a Liberdade que muitos nunca chegam a conhecer pego na chave de casa e dou-lhe o direito de me trazer a Felicidade. Avassaladora e sem arestas." SChainho@ [Foto retirada de: lounge.obviousmag.org]

No colo

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“Chegado o momento, beijaste-me prolongadamente e com firmeza. Disseste, sem pejo e demagogia: ‘ Não podemos ficar aqui, está frio, muito frio! Anda, vamos, quero fazer amor contigo’ . Pegaste em mim, como se nunca o tivesses feito, como se aquela fosse a nossa última vez. Carregaste-me no colo, como um pai que embala um filho em tempo bélico, e atravessaste uma escadaria corroída pelo tempo até ao primeiro andar. Enquanto isso, o soalho antigo rangia, num compasso lento e soletrado, como uma espécie de impedimento da felicidade.  Eras sempre assim, dizias e fazias as coisas como se não houvesse amanhã.  E, naquele momento, não deixámos que houvesse amanhã.” A incluir no " Próximo devaneio literário " de SChainho [Foto retirada do B logoom do xdoom ]

FINITUDE

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“Ficaram na pele um do outro até cegarem de emoção. Transpirava neles o desejo de amar até ao fim dos seus dias, mas recusaram-se a pensar no futuro e no fim dos dias. No exacto momento em que o desejo chegou, responderam aos impulsos e entregaram-se com a intensidade de uma onda a invadir chão alheio. Levados pela emoção e carência do momento, trouxeram de mãos dadas a felicidade a rebentar pelas costuras e acreditaram que ela duraria, quem sabe para sempre, por entre as brechas da imperfeição. E durou… Ah, mas eles fizeram-na durar até ao dia em que a estrada se quebrou e o óbvio aconteceu – ele levou o calor do seu corpo para outro e ela espalhou o silêncio entre eles para abafar o inverno que crescia dentro dela. “Estou farto de tudo”, disse-lhe ele com uma certeza mais abrupta do que um terramoto. “E eu também…”, gritou ela para dentro do ar que custava a respirar e esperou que a calma e o descanso invadissem o espaço que era deles, para depois se apresentar como soluçã