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Benedita

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Naquele dia, a luz era ténue e lá fora o mundo continuava como se nada fosse, confinado ao sopro da noite fria e desnudada que teimava em permanecer no meu corpo incandescente. Escondidas por entre os átomos (que eu tive tempo de contar), as suplicas ouviam-se por entre as minhas veias, enquanto o silêncio interior suportava as forças   lapidadas nos meus frágeis ossos. E naquela estranha geografia humana, onde se teciam novas mães e novos pais moldados em lençóis cravados de lágrimas, eu soletrava o teu nome num litígio quase inumano na esperança que a hora chegasse. De repente, a confusão dos minutos precipitou-se para o meio da sala e o rio que corria dentro de mim esgotou-se por entre a semente rubra a gritar em desespero, em cima do meu ventre esquecido.   – E mil poemas estalaram na minha cabeça num êxtase perfeito. Como se toda a criação coubesse dentro daquele segmento de segundo e toda a vida, até aquele momento, fosse apenas uma sombra.

Improviso-te, todos os dias...

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Nunca dormia sem espreitar a lua através da janela do quarto. Um vidro fosco e frio separava o rosto macerado pelo tempo e a respiração entrecortada do odor matinal das urzes que se apoderavam da parede da casa. Baixou a cabeça, como quem pede perdão, e ficou a pensar no que queria ter dito e não foi capaz: “Das folhas em branco que busco no teu desejo, apenas preencho as que ficaram nos silêncios que nos aguardam até à eternidade. São elas que me lembram os riscos que corro quando te afasto para nunca mais te improvisar.  E sim, improviso-te todos os dias porque sei que não podes ficar.” @SChainho In Pensamentos [Devaneios nocturnos...] [Foto retirada de:  http://fotos.sapo.pt/divine ]