Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta silêncio

"Há ramos verdes no meio do silêncio (em Constância)"

Imagem
"Há ramos verdes no meio do silêncio. Os pássaros abrandam a sua vida para beber do muito que nasce das árvores. E eu comovo-me sempre que eles se curvam para deificar o vento que passa. Há histórias de amor de verdade em cada ruga por onde passa a seiva das folhas, que teimosamente renascem em cada céu. E, num instante, o tempo roubou-me de mim e alimentou-me com o sonho que tive quando te vi. Oh vento, traz-me de volta e deixa-me no silêncio bronzeado dos que amam os ramos verdes, para que eu possa sobreviver a cada partida tua." @SChainho, 17 de junho de 2022 (Constância)

Aquela Voz

Imagem
"E aquela voz dizia:  Ouve esse silêncio, Ama esse momento, Segue esse caminho...  E eu, mesmo não sabendo que tinha   o mundo inteiro dentro de mim a transbordar  nas margens da minha sabedoria cansada de agruras,  peguei no rio da coragem que corria nas minhas veias  e nos alicerces de luz que me incendiavam, levantei-me,  vesti-me de uma armadura transparente e segui aquela voz. E ali ressuscitava, sem angústia e sem pressas,  uma nova identidade imperceptível   ao tempo que não espera, nem regressa." @SoniaChainho Dezembro/2021 (Uma memória com 7 anos, Dezembro de 2014)

Benedita

Imagem
Naquele dia, a luz era ténue e lá fora o mundo continuava como se nada fosse, confinado ao sopro da noite fria e desnudada que teimava em permanecer no meu corpo incandescente. Escondidas por entre os átomos (que eu tive tempo de contar), as suplicas ouviam-se por entre as minhas veias, enquanto o silêncio interior suportava as forças   lapidadas nos meus frágeis ossos. E naquela estranha geografia humana, onde se teciam novas mães e novos pais moldados em lençóis cravados de lágrimas, eu soletrava o teu nome num litígio quase inumano na esperança que a hora chegasse. De repente, a confusão dos minutos precipitou-se para o meio da sala e o rio que corria dentro de mim esgotou-se por entre a semente rubra a gritar em desespero, em cima do meu ventre esquecido.   – E mil poemas estalaram na minha cabeça num êxtase perfeito. Como se toda a criação coubesse dentro daquele segmento de segundo e toda a vida, até aquele momento, fosse apenas uma sombra.

Há-de vir o dia...

Imagem
tão grande e pesado é o sonho que trazes na algibeira que cresce por entre as tuas mãos abertas ao sol nascente enquanto percorres um caminho de pedras atapetado é pela manha que trazes o vento agarrado à tua vontade esse desejo dilatado e transparente de eclodir por entre as ondas do mar e de navegar em liberdade onde o sossego te aguarda como uma mãe a um filho há-de vir o dia em que embalado pelo calor humano que encontras na curva sinuosa dos silêncios suspensos num corpo desconhecido afastarás os mil cansaços que te acompanham e guiado pelo farol de uma sobranceira felicidade caminharás em passos largos ao teu encontro ainda que eu morra sem que tu chegues há-de vir o dia… @SChainho, In Devaneios Nocturnos [Costa alentejana, 2014, autoria @SChainho]

Improviso-te, todos os dias...

Imagem
Nunca dormia sem espreitar a lua através da janela do quarto. Um vidro fosco e frio separava o rosto macerado pelo tempo e a respiração entrecortada do odor matinal das urzes que se apoderavam da parede da casa. Baixou a cabeça, como quem pede perdão, e ficou a pensar no que queria ter dito e não foi capaz: “Das folhas em branco que busco no teu desejo, apenas preencho as que ficaram nos silêncios que nos aguardam até à eternidade. São elas que me lembram os riscos que corro quando te afasto para nunca mais te improvisar.  E sim, improviso-te todos os dias porque sei que não podes ficar.” @SChainho In Pensamentos [Devaneios nocturnos...] [Foto retirada de:  http://fotos.sapo.pt/divine ]

Pai, amor perfeito

Imagem
"Há uma chama que nunca se apaga, Um abraço que sempre se eterniza, Uma presença que marca ao longe, Uma voz que nunca se cala. É no silêncio que nos encontramos, Na busca incessante e perene de um aconchego contido Nas palavras que não dizemos, não precisamos É sempre ontem, hoje e amanhã, Não tem hora, dia e mês Não tem cor, religião, nação ou razão É sempre hoje, sempre Porto de abrigo à espera de um navio ao longe, Fome deserta que nunca se finda Coração da terra, amor perfeito És diálogo inacabado e sempre vivo És o resumo do mundo, és princípio e fim És tu o  poema  que nunca dorme Para lá da vida que se entranha em mim" @SChainho [Retirado de Fotografodigital.com.br, Pai e filho no pôr do Sol ]