Há-de vir o dia...

tão grande e pesado é o sonho que trazes na algibeira
que cresce por entre as tuas mãos abertas ao sol nascente
enquanto percorres um caminho de pedras atapetado
é pela manha que trazes o vento agarrado à tua vontade
esse desejo dilatado e transparente de eclodir
por entre as ondas do mar e de navegar em liberdade
onde o sossego te aguarda como uma mãe a um filho
há-de vir o dia em que embalado pelo calor humano
que encontras na curva sinuosa dos silêncios
suspensos num corpo desconhecido
afastarás os mil cansaços que te acompanham
e guiado pelo farol de uma sobranceira felicidade
caminharás em passos largos ao teu encontro
ainda que eu morra sem que tu chegues
há-de vir o dia…

@SChainho, In Devaneios Nocturnos

[Costa alentejana, 2014, autoria @SChainho]


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