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A mostrar mensagens de abril, 2015

Há-de vir o dia...

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tão grande e pesado é o sonho que trazes na algibeira que cresce por entre as tuas mãos abertas ao sol nascente enquanto percorres um caminho de pedras atapetado é pela manha que trazes o vento agarrado à tua vontade esse desejo dilatado e transparente de eclodir por entre as ondas do mar e de navegar em liberdade onde o sossego te aguarda como uma mãe a um filho há-de vir o dia em que embalado pelo calor humano que encontras na curva sinuosa dos silêncios suspensos num corpo desconhecido afastarás os mil cansaços que te acompanham e guiado pelo farol de uma sobranceira felicidade caminharás em passos largos ao teu encontro ainda que eu morra sem que tu chegues há-de vir o dia… @SChainho, In Devaneios Nocturnos [Costa alentejana, 2014, autoria @SChainho]

Fica difícil...

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Fica difícil não atravessar a porta por onde Encontro o deserto sombrio da tua presença Fica difícil o cair da noite e as brumas da memória A tecer as muralhas do horror que crescem ao teu redor Fica difícil o caminho escuro que percorro Na estranheza do mundo perdido em que te tornaste Fica difícil livrar-te desse oásis corrupto Onde a fartura da mentira rompe a serenidade e a leveza Fica difícil fazer germinar a crença da bondade No meio da virtude que desconheces Fica difícil mascarar a impostura com a verdade Onde a podridão permanece como se fosse um sonho Fica difícil não afastar a dor e a vergonha De um dia ter habitado o castelo de papel Onde a maldade cresceu e o abandono não teve fim Fica difícil… @SChainho, In Devaneios Nocturnos [Retirado de:  http://www.themescompany.com ]

Uma terra sem mapas...

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“Meu amor, estou à tua espera… Quanto dura um dia quando está escuro? E uma semana? O fogo apagou-se.  Tenho muito frio. [...] Morremos. Morremos ricos com amantes e tribos, gostos que experimentámos, corpos em que penetrámos e em que nadámos como rios. Medos em que nos escondemos…  Quero tudo isto marcado no meu corpo. Nós somos os verdadeiros países.  Não as fronteiras marcadas em mapas com nomes de homens poderosos.  Sei que virás e me levarás para o palácio dos ventos. É tudo o que quis. Passear nesse lugar contigo e com amigos. U ma terra sem mapas [...].” (In O Paciente Inglês) [Mar Português, da minha autoria @SChainho]

Ofereço-te os beijos

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"na sombra do teu olhar há uma forma perfeita de dizer que o mundo é para ser sentido sem dor palpitam desejos translúcidos de forças íntimas   a cair pelo céu aberto da esperança que te aconchega despido do medo entregas-me esse teu jeito de amar como as árvores em tempo de solidão e agarrada às palavras que vagueiam nos teus braços ofereço-te os beijos suspensos na minha poesia que espalho sem pudor nas noites em subversão"  @SChainho, In Devaneios Noturnos   [Imagem retirada de:  http://ericarufato.blogspot.pt ]

É hora...

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"há no horizonte sem fim uma descerrada escuridão que sempre prevalece antes de chegar a liberdade uma tormenta suspensa na eternidade do teu olhar preenche as folhas vazias no livro da tua imperfeição é hora dos silêncios e dos gestos a percorrer a verdade é hora de abraçar os recantos fiéis da tua sabedoria é hora de trazer essa imagem que inunde o presente sim é hora de percorrer as veias do teu pensamento e com as minhas mãos derramar em ti o gosto puro da minha presença a caminhar na tua imensidão" @SChainho In Devaneios Nocturnos [Retirada de johannomenor.blogspot.com]

Segredos da terra

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[...]  tenho saudades desses outros tempos dos tempos em que mesma era um rio aberto que seguia pelos segredos da terra sem medo a soletrar as veias da serra e sozinha caía como água pura entre as rochas na esperança de abraçar o sonho que eras tu [...] @SChainho In Pensamentos [ Queensland, Austrália em http://tedytravel.com ]

Prelecções

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e há homens que sonham em ser pais e ocupam o tempo nos tribunais e fazem da vida uma intriga e gastam saliva a falar do mundo pois eu busco sombras entre os pinhais a terra batida e aquecida eu procuro a areia gasta e o sol de Inverno eu procuro o meu corpo entre os teus braços e consigo ver a brandura nos teus olhos lassos eu dou-me ao mar como as gaivotas se dão à terra e nunca vou por onde vão os demais eu levo aos ombros uma carga de sinais e sou a esperança deles serem meus eu sou o entusiasmo próprio de alguém que consegue ver um pouco mais além eu sou a vida a ser vivida e sou o nada para lá do cais absorvo o tempo e aguardo… eu vim ao mundo foi p’ra me ver e por vezes sinto dor e febre de viver e por vezes sinto os Abismos a correr nas veias e quero-me em toda a parte dar-me ao vento e à leviandade como uma mão que tacteia na escuridão e que empurra a minh’alma para a imensidão um dia sonhei como os homens que querem ser pais mas tornei-me no próprio limbo das águas f

Improviso-te, todos os dias...

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Nunca dormia sem espreitar a lua através da janela do quarto. Um vidro fosco e frio separava o rosto macerado pelo tempo e a respiração entrecortada do odor matinal das urzes que se apoderavam da parede da casa. Baixou a cabeça, como quem pede perdão, e ficou a pensar no que queria ter dito e não foi capaz: “Das folhas em branco que busco no teu desejo, apenas preencho as que ficaram nos silêncios que nos aguardam até à eternidade. São elas que me lembram os riscos que corro quando te afasto para nunca mais te improvisar.  E sim, improviso-te todos os dias porque sei que não podes ficar.” @SChainho In Pensamentos [Devaneios nocturnos...] [Foto retirada de:  http://fotos.sapo.pt/divine ]