O Espelho
“Não era a vaidade que
a atraia para o espelho,
mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera)
mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera)
E naquele dia, descobriu-se como nunca antes se descobrira
Levantou-se, sem vaidades,
Manhã submersa, clara, cinzenta e fria
e não fez perguntas,
nem ensaios, nem rodeios ou escolhas... não podia!
A mesma rotina, as mesmas horas, a mesma certeza
E, assim, de braços dados com o azulejo frio da parede
e o olhar constante de quem nada tinha para dizer,
defrontou-se apenas com aquele gigante,
dividido em fragmentos eternos e penetráveis
invadindo a alma em golfadas de silêncio,
a que chamamos vida e que pesa, pesa muito...
Um peso em forma de fronteira a marcar os limites
da possibilidade humana entre países desconhecidos
E, logo ali, a estação intermédia do tempo em que mergulhava
Afigurou-se-lhe como se fosse uma pluma
a cair numa serenidade cruel e inverosímil sem chão
certo para a acolher.
Agora, de cada vez que olhar para o espelho,
descobre o amor escondido e são,
nas metáforas da carne e da pele que nunca conheceu.
SChainho
(18/10/2016)
[Retirado de: http://alemdamidia.info]
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