Nunca te esqueças, querida mãe!

Como foi que chegámos até aqui, minha querida mãe? Como foi?
Como foi que o tempo te transformou na rocha invencível
Soletrada entre os abismos, onde o sonho nunca se findou?
Diz, por favor, como atravessaste as agruras
Dos caminhos invernosos que nunca recusaste percorrer?
Traz-me essa cor de alegria, feita de cristal, que vais
Espalhando nas ruas sinuosas que completam o teu nome.
Ensina-me como enfrentaste a ameaça dos dias cinzentos
Às portas da tua fortaleza…
Deixa-me essa marca do destino que te fez
Mulher entre as mulheres para que eu possa sempre
Renascer entre o pó das cidades adormecidas.
Entrega-me essa força das palavras
Que as horas vão dissipando pelos corpos das searas.
Diz-me que ainda gritas por mim, quando saio para a vida,
Para que eu possa transformar-me na túnica que te cobre de incenso…
Não te esqueças, mãe
Nunca te esqueças de me lembrar

Como foi que chegámos até aqui!

SChainho (17, setembro, 2015)


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