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A mostrar mensagens de novembro, 2016

O Espelho

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“Não era a vaidade que a atraia para o espelho,   mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera) E naquele dia, descobriu-se como nunca antes se descobrira Levantou-se, sem vaidades, Manhã submersa, clara, cinzenta e fria   e não fez perguntas,   nem ensaios, nem rodeios ou escolhas... não podia! A mesma rotina, as mesmas horas, a mesma certeza E, assim, de braços dados com o azulejo frio da parede e o olhar constante de quem nada tinha para dizer, defrontou-se apenas com aquele gigante,   dividido em fragmentos eternos e penetráveis   invadindo a alma em golfadas de silêncio, a que chamamos vida e que pesa, pesa muito... Um peso em forma de fronteira a marcar os limites   da possibilidade humana entre países desconhecidos   E, logo ali, a estação intermédia do tempo em que mergulhava Afigurou-se-lhe como se fosse uma pluma   a cair numa serenidade cruel e inverosímil sem chão   certo para a acolher. Agora, de cada vez que olhar para o espelho, descobre o amor