A casa do meu avô
"Caminhamos na Luz eterna que nos aconchega
Sempre! Não tenham ilusões porque será sempre assim!
E, atravessando as memórias escondidas
atrás de uma figueira indomável e perpetuada pela alegria
dos que a viram
medrar, a casa do meu avô vislumbra-se mais leve e sublime,
ainda que menos apetecível ao comum dos mortais.
Nela, há cheiro a madeira bolorenta, carcomida pela traça do
tempo,
enquanto sarças ardentes e espinhosas corrompem a parede
revestida de cal e saudade. São como demónios em epifania,
numa dança fúnebre, a exortarem a falência das memórias
que nunca se extinguirão. Sempre que me sento no seu regaço,
ainda se ouve o tilintar das porcelanas e dos copos
que transpiram a vida e enfunam a minha alma de consolo.
Arrefeceram os dias, há erva fresca pelo chão…
- É hora de partir!
Viro as costas para dizer Adeus, enquanto caem dos meus olhos
poemas urgentes sibilando a solidão. E há silêncios
demorados a gritarem,
por entre as coisas mortas ali deixadas à sua sorte,
a eterna Luz que me aconchega."
@Schainho, Devaneios...
["old house westport"
Atist: thomas worthington whittredge, in http://artforsalediscount.com]
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