Tempos estranhos
Tempos estranhos, estes, tempos sempre da mesma cor.
O silêncio perde-se para lá do horizonte onde,
ainda assim, há quem grite de fora para dentro a uma só voz.
Abafamos a dor, embalada naquele abraço
que não podemos dar. Na televisão, a ligação
é automática e a informação é sempre a mesma.
Lá fora, a Natureza principia uma reconfortante ressurreição,
enquanto o ser humano se confina à sua demasiada pequenez.
Nada será como foi, o Universo tece uma nova História,
mas ainda não será desta vez...
Cai a noite e, no meio de tudo, aquele abraço faz-nos falta.
Somos todos gomos de uma mesma laranja, encostados
uns aos outros na incerteza do amanhã. Olhamos de lado,
lavamos as mãos e entramos calados numa realidade ambígua.
E, neste poema que agora nasce, ainda assim estamos juntos!
Caminhemos no combate aos tempos estranhos
da mesma forma com que construímos os sonhos!
@SChainho (31 de Março, 2020)
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