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O Espelho

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“Não era a vaidade que a atraia para o espelho,   mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera) E naquele dia, descobriu-se como nunca antes se descobrira Levantou-se, sem vaidades, Manhã submersa, clara, cinzenta e fria   e não fez perguntas,   nem ensaios, nem rodeios ou escolhas... não podia! A mesma rotina, as mesmas horas, a mesma certeza E, assim, de braços dados com o azulejo frio da parede e o olhar constante de quem nada tinha para dizer, defrontou-se apenas com aquele gigante,   dividido em fragmentos eternos e penetráveis   invadindo a alma em golfadas de silêncio, a que chamamos vida e que pesa, pesa muito... Um peso em forma de fronteira a marcar os limites   da possibilidade humana entre países desconhecidos   E, logo ali, a estação intermédia do tempo em que mergulhava Afigurou-se-lhe como se fosse uma pluma   a cair numa serenidade cruel e inverosímil sem chão   certo para a acolher. Agora, de cada vez que olhar para o espelho, descobre o amor

"Florestas Submersas"

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A noite, a braços com a terra filha de um deus maior,  morre na tua boa... É na imensidão de ti  que a pureza se entranha na pele porosa, onde os sentidos desfalecem... A noite, irmã confidente de manhãs inacabadas, de onde renascem, para além do horizonte "Florestas Submersas"! https://www.youtube.com/watch?v=yzrNZW2clBY ("Florestas Submersas", no Oceanário em Lisboa)

Nunca te esqueças, querida mãe!

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Como foi que chegámos até aqui, minha querida mãe? Como foi? Como foi que o tempo te transformou na rocha invencível Soletrada entre os abismos, onde o sonho nunca se findou? Diz, por favor, como atravessaste as agruras Dos caminhos invernosos que nunca recusaste percorrer? Traz-me essa cor de alegria, feita de cristal, que vais Espalhando nas ruas sinuosas que completam o teu nome. Ensina-me como enfrentaste a ameaça dos dias cinzentos Às portas da tua fortaleza… Deixa-me essa marca do destino que te fez Mulher entre as mulheres para que eu possa sempre Renascer entre o pó das cidades adormecidas. Entrega-me essa força das palavras Que as horas vão dissipando pelos corpos das searas. Diz-me que ainda gritas por mim, quando saio para a vida, Para que eu possa transformar-me na túnica que te cobre de incenso… Não te esqueças, mãe Nunca te esqueças de me lembrar Como foi que chegámos até aqui! SChainho (17, setembro, 2015)

"Um dia branco"

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"Um dia branco Dai-me um dia branco, um mar de beladona Um movimento Inteiro, unido, adormecido Como um só momento. Eu quero caminhar como quem dorme Entre países sem nome que flutuam. Imagens tão mudas Que ao olhá-las me pareça Que fechei os olhos. Um dia em que se possa não saber." SMBAndresen

Um dia Grande

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ontem foi um dia Grande, sim, ontem foi um dia muito Grande foi o dia das imagens, da pureza do olhar que não tem palavras, da verdade,  da crença, da certeza dos recomeços, da bondade e das recompensas um dia em que a grandeza dos afectos, a força dos abraços e a beleza dos sorrisos não teve limites, não teve amarras o dia crepitou na pele, semeou coragem, revelou sabedoria, cresceu a valentia... ontem, foi o dia do transbordar da alma, da luta e do combate contra as amarguras a caírem no poente, foi o momento  de caminhar por entre as muralhas a esmagar a insegurança do futuro, o culminar de um percurso aquecido  pelo sangue do poema que se fez sim, ontem eu vi claramente as vossas faces orientadas para a luz que iluminará  esse longo percurso quando vierem as próximas encruzilhadas Bem hajam! [Com amor e carinho, para L&M] [Imagem retirada de: http://frasesteengirl.blogspot.pt]

Personagens improvisadas

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f oi no rescaldo do dia que fizeste aparecer o ruído das horas a estalar dentro do peito sempre essa forma incontida de dizer a sorrir que a vida é para lá de elegante nesse instante renasceu uma fonte quase inexistente de instinto humano que se repartiu por entre a beleza da razão e a inteligência refinada da emoção tal e qual duas personagens improvisadas sem nunca ultrapassar essa sublime fronteira ficámos assim a braços com o distante figuras de proa numa simplicidade contagiante... SChainho, In Devaneios NoCturnos [Arlequim e Colombina. Retirado de http://www.culturamix.com/]

Há-de vir o dia...

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tão grande e pesado é o sonho que trazes na algibeira que cresce por entre as tuas mãos abertas ao sol nascente enquanto percorres um caminho de pedras atapetado é pela manha que trazes o vento agarrado à tua vontade esse desejo dilatado e transparente de eclodir por entre as ondas do mar e de navegar em liberdade onde o sossego te aguarda como uma mãe a um filho há-de vir o dia em que embalado pelo calor humano que encontras na curva sinuosa dos silêncios suspensos num corpo desconhecido afastarás os mil cansaços que te acompanham e guiado pelo farol de uma sobranceira felicidade caminharás em passos largos ao teu encontro ainda que eu morra sem que tu chegues há-de vir o dia… @SChainho, In Devaneios Nocturnos [Costa alentejana, 2014, autoria @SChainho]