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Leva contigo, meu aluno

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“Leva contigo, meu aluno, leva contigo essa Luz que te acompanha nesta estrada tão incerta, neste rio que desperta, entre amarras e contendas, essa insaciável vontade que trazes dentro do peito e que transborda a cada passo. Leva, leva contigo, meu aluno, a coragem de ser e a determinação em crescer. E sobre essa água corrente, que no escuro faz barulho, faz-te grande, faz-te mundo, faz-te Luz em cada tormenta e nunca deixes de vencer!” @SChainho, junho, 2018 [Clube de Teatro/Pomonas Camonianas_ Constancia_2022]

A casa do meu avô

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"Caminhamos na Luz eterna que nos aconchega Sempre! Não tenham ilusões porque será sempre assim! E, atravessando as memórias escondidas atrás de uma figueira indomável e perpetuada pela alegria dos que a viram medrar, a casa do meu avô vislumbra-se mais leve e sublime, ainda que menos apetecível ao comum dos mortais. Nela, há cheiro a madeira bolorenta, carcomida pela traça do tempo, enquanto sarças ardentes e espinhosas corrompem a parede revestida de cal e saudade. São como demónios em epifania, numa dança fúnebre, a exortarem a falência das memórias que nunca se extinguirão. Sempre que me sento no seu regaço, ainda se ouve o tilintar das porcelanas e dos copos que transpiram a vida e enfunam a minha alma de consolo. Arrefeceram os dias, há erva fresca pelo chão…          - É hora de partir! Viro as costas para dizer Adeus, enquanto caem dos meus olhos poemas urgentes sibilando a solidão. E há silêncios demorados a gritarem, por entre as coisas mortas ali deixadas à sua sorte,

Nos nossos jardins

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"Hoje, a erva escuta, quando me lembro de ti. Faz barulho, a minha mente, porque sei que não há nada mais desconcertante do que a ausência. Trazes no semblante a forma perfeita de aprender e de ser.   Dentro dessa ausência, refugiamo-nos à espera da Primavera. E há flores no teu jardim. Esse, nunca deixas esmorecer, mesmo nos dias mais fragosos. Hoje, não há nada que possas fazer que te distraia da sinceridade que bebes em cada trago da vida. E corremos através dos dias, trespassando de forma grotesca e acirrada a saudade de um reencontro sem pressas.  Sem pressas, as flores que transpiram dentro de ti lembram-me como a grandeza tem nome. O teu. Não há forma mais correcta de dizer o quanto a falta é uma falta, senão quando estamos sós. Tão sós e imperfeitas,  as duas se complementam; – A coragem e a força. São ambas tuas, fazem parte do teu jardim. Nunca estamos sós. Nunca, minha amiga. Nunca estamos sós, porque há sempre flores nos nossos

Bagagem

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"há na bagagem um cheiro a terra que surge do nada, sempre que piso as madrugadas cada um tem a sua e estão sempre cheias. as bagagens, claro! porque as madrugadas não podem estar cheias se pensarmos que é na noite que nos entregamos cegamente às ilusões e ao abandono ao qual nos afeiçoámos. depois de um passeio enviesado pelas nesgas das ruas vazias de amor, surgem-me na memória os rostos nunca esquecidos dos que imploraram pela vida com os olhos fartos de tanta angústia. Sombras de um calendário que se entranha de forma abrupta na carne aquecida pelo sol. como não sei bem o que ando por ali a fazer e as pernas devolvem-me a Liberdade que muitos nunca chegam a conhecer pego na chave de casa e dou-lhe o direito de me trazer a Felicidade. Avassaladora e sem arestas." SChainho@ [Foto retirada de: lounge.obviousmag.org]

O Espelho

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“Não era a vaidade que a atraia para o espelho,   mas o espanto de descobrir-se.” (Milan Kundera) E naquele dia, descobriu-se como nunca antes se descobrira Levantou-se, sem vaidades, Manhã submersa, clara, cinzenta e fria   e não fez perguntas,   nem ensaios, nem rodeios ou escolhas... não podia! A mesma rotina, as mesmas horas, a mesma certeza E, assim, de braços dados com o azulejo frio da parede e o olhar constante de quem nada tinha para dizer, defrontou-se apenas com aquele gigante,   dividido em fragmentos eternos e penetráveis   invadindo a alma em golfadas de silêncio, a que chamamos vida e que pesa, pesa muito... Um peso em forma de fronteira a marcar os limites   da possibilidade humana entre países desconhecidos   E, logo ali, a estação intermédia do tempo em que mergulhava Afigurou-se-lhe como se fosse uma pluma   a cair numa serenidade cruel e inverosímil sem chão   certo para a acolher. Agora, de cada vez que olhar para o espelho, descobre o amor

"Florestas Submersas"

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A noite, a braços com a terra filha de um deus maior,  morre na tua boa... É na imensidão de ti  que a pureza se entranha na pele porosa, onde os sentidos desfalecem... A noite, irmã confidente de manhãs inacabadas, de onde renascem, para além do horizonte "Florestas Submersas"! https://www.youtube.com/watch?v=yzrNZW2clBY ("Florestas Submersas", no Oceanário em Lisboa)

Nunca te esqueças, querida mãe!

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Como foi que chegámos até aqui, minha querida mãe? Como foi? Como foi que o tempo te transformou na rocha invencível Soletrada entre os abismos, onde o sonho nunca se findou? Diz, por favor, como atravessaste as agruras Dos caminhos invernosos que nunca recusaste percorrer? Traz-me essa cor de alegria, feita de cristal, que vais Espalhando nas ruas sinuosas que completam o teu nome. Ensina-me como enfrentaste a ameaça dos dias cinzentos Às portas da tua fortaleza… Deixa-me essa marca do destino que te fez Mulher entre as mulheres para que eu possa sempre Renascer entre o pó das cidades adormecidas. Entrega-me essa força das palavras Que as horas vão dissipando pelos corpos das searas. Diz-me que ainda gritas por mim, quando saio para a vida, Para que eu possa transformar-me na túnica que te cobre de incenso… Não te esqueças, mãe Nunca te esqueças de me lembrar Como foi que chegámos até aqui! SChainho (17, setembro, 2015)